Futebol sem cabecear: menos risco para a criançada

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pretende proibir cabeçadas em treinos e partidas de futebol entre menores de 12 anos. A entidade está preocupada com o risco de danos neurológicos no momento que o cérebro está em plena formação.

De acordo com pesquisadores que apresentaram um trabalho no Congresso do American College of Sports Medicine, em uma cabeçada, o cérebro é submetido a forças de aceleração entre 16 e 60G (esta última é suficiente para causar uma concussão – lesão mental que altera a função mental temporária ou permanentemente – em um adulto).

E tem mais. Os pequenos voluntários da pesquisa também passaram por testes de capacidade cognitiva, antes e depois dos jogos. Entre as meninas que cabecearam ao menos uma vez na partida averiguou-se um abalo de curto prazo na memória sequencial, a responsável pelo reconhecimento das palavras e capacidade de leitura. Já entre os meninos observou-se um problema na velocidade de processamento auditivo e em habilidades relativas à linguagem.

A conclusão dos pesquisadores é a de que os meninos e meninas sofreram subconcussões, lesões que não aparecem em exames de imagem, mas que, eventualmente, trazem prejuízos, especialmente se os movimentos forem repetidos por anos e anos. Não ficou consolidado, contudo, se as cabeçadas têm ou não consequências permanentes.

A medida da CBF, portanto, é de caráter preventivo, mas, vale salientar, as cabeçadas também preocupam os clubes profissionais, ou seja, os adultos. Isso porque, estudos indicam que cabeçadas constantes na bola podem levar a uma diminuição na performance psicomotora e ainda prejudicar a capacidade de atenção. Tais efeitos foram notados mediante testes, mas não de maneira evidente.

Article written by Barreto

Dr. Eduardo Barreto, neurocirurgião Ph.D especialista em coluna vertebral e dores crônicas.

Be the first to comment

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *