Dia de conscientização a respeito da Epilepsia

O dia 26 de março ficou conhecido como o Purple Day, o Dia Roxo, ou melhor, Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia. O Brasil só perde para os EUA e para o Canadá em número de atividades e eventos a fim de fazer com que a sociedade reflita sobre a prevenção, tratamentos e estigmas relacionados à doença.

Acredita-se que cerca de 3% da população sofra com a epilepsia e que em torno de 70% tenham suas crises epilépticas controladas por medicamentos. A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a um local ou espalhar-se pelo corpo. Não é uma doença contagiosa e, em alguns casos, ela tem, sim, cura.

Entre os sintomas das crises parciais estão distorções de percepção ou movimentos descontrolados, medo repentino, desconforto no estômago, visão ou audição diferente do normal. Se a pessoa, após tudo isso, perde a consciência, diz-se que ela teve uma crise parcial complexa. Há também a crise de ausência, na qual a pessoa se mostra “desligada” por um instante. As chamadas tônico-clônicas são as mais conhecidas do público em geral, haja vista o tremer e a contração de extremidades do corpo. Quando longas, com algo em torno de 30 minutos de duração, são muito perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.

As causas podem ser muitas, desde um componente genético ao uso abusivo de drogas, de álcool, ferimentos na cabeça, traumas no parto, tumores e outras doenças neurológicas. Assim, o diagnóstico demanda não só exames de imagem como o histórico clínico. Testemunhas das crises também podem contribuir e muito, visto que o paciente às vezes não se lembra ou não se dá conta das crises.

O tratamento muitas vezes é medicamentoso. Se a pessoa, após anos sem medicação, não sofre mais com as crises, pode sentir-se curada. Mas há considerações importantes no que concerne aos cuidados do paciente epiléptico. Eles devem ter alimentação adequada – se sugere a muitos uma dieta hipercalórica, rica em lipídios – e precisam dormir bem. Não são recomendáveis bebidas alcoólicas e vida muito estressada.

Em alguns casos, porém, indica-se uma cirurgia. Destaco o tratamento via neuromodulação, técnica que visa restaurar os diversos sistemas biológicos presentes no nosso organismo. A forma invasiva é a que necessita de um procedimento cirúrgico com o implante de sistemas de estimulação ou de sistemas de infusão de medicamentos, diretamente, no sistema nervoso central (cérebro ou medula). A não invasiva se utiliza de terapias e medicamentos. A definição da melhor técnica dependerá da particularidade de cada paciente.

E quantos mitos. Pessoas que sofrem com o problema podem dirigir? Segundo o especialista carioca, “sim, desde que cumpram normas determinadas pelo Detran e, obviamente, após o devido exame médico”. Podem levar uma vida normal? “Sim também”, ressalta o médico, “se adequadamente medicados”. Durante uma crise epiléptica, devemos segurar os braços e a língua da pessoa? “Não, a língua não enrola e não se deve colocar as mãos dentro da boca do paciente, em hipótese alguma”, salienta Barreto, explicando que o melhor a fazer é colocá-lo de lado e protegê-lo até a crise terminar, o que normalmente ocorre em até 3 minutos.

Article written by Barreto

Dr. Eduardo Barreto, neurocirurgião Ph.D especialista em coluna vertebral e dores crônicas.

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